sábado, 17 de janeiro de 2009

Fazendo compras no Brandenburguer Tor

A viagem pra Berlim foi das melhores, se não a melhor! Na estação de Amsterdam pegamos um trem que ia até uma cidadezinha do interior e ali trocaríamos pelo segundo trem saindo da plataforma 3...

Correria, afinal já estávamos com 5 malas e 3 pessoas, temos que nos agilizar para não perder as conexões!! Descemos correndo e o trem da plataforma 3 já estava saindo, então corremos, botamos todas as malas dentro, trem lotado, todos já estavam sentados, finalmente resolvemos ficar na primeira classe, eu e a mãe, que estava vazia e o pai, em uma crise de ética no meio do estresse, sentou num dos únicos lugares vagos do vagão da segunda classe. Logo que o trem fez a primeira parada eu e a mãe fomos para a segunda classe e conseguimos por fim sentar juntos, pois a viagem até Berlim duraria 5 horas!!

Depois de 2 horas de viagem o cobrador vem para verificar os tickets, e ele pergunta para onde vamos, em inglês... E eu respondo que para Berlim, ele sorri e fala "com este trem?" - Claro! se estamos neste trem pra Berlim, com este trem vamos até Berlim! Tão óbvio não?!

Ele rindo diz, "este trem não vai pra Berlim", a gente começou a rir da piada, afinal um holandes bem-humorado tem o seu valor!!

Então olhamos e as mulheres das cadeiras ao lado e o Puppie - cachorrinho de uma delas que passamos grande parte dessas 2 horas brincando e admirando sua exemplar conduta dentro do trem! - começam a acenar e balançar negativamente a cabeça..

PÂNICO! Tentando entender o que acontecia eu perguntei se, de verdade, aquele NÃO ERA O TREM PRA BERLIM????

Não! Não só não era pra Berlim, como a gente teria que "encontrar o nosso trem", meu deus! 5 minutos atrás a gente nem sabia que tinha perdido o nosso trem! onde iríamos encontrar-lo????

O bom samaritano do cobrador verificou todo o trajeto e as 3 trocas de trem que deveríamos fazer para encontrá-lo...

Bom, quando eu disse 3 trocas de trem vcs já imaginaram, não??

Aquela mesma correria, parada, pega mala, atira mala, sobe mala, derruba velhinho, passa a perna, corre na frente, puxa a mãe, corre na frente, espera a mãe e tinhamos uma troca que era em CINCO MINUTOS, da plataforma UM para a plataforma SETE que teríamos que descer as escadas e subir... Aí metade das rodinhas das malas se foram! CORRERIA TOTAL! - sim, claro, depois descobrimos um elevador, mas daí já estávamos na plataforma 7 quase embarcando!

Enfim, trem para BERLIM! mais 5 horas tranquilas de viagem, sentados, em um mesmo trem...

Chegamos na Alemanha, vamos conferir a estação que devemos descer?!? Na próxima do Ibis, óbvio! e ÓBVIO que tinha um Ibis em cada estação e apenas UM DELES - o nosso! - teria um quarto triplo, que estava reservado para nós!!!! MUITA DISCUSSÃO e pouca conclusão...

Chegamos em Berlim, descemos na estação de Osfbanhoff, e essa FIXAÇÃO por ficar em hotéis dentro da estação surgiu em Amsterdam - que o hotel era DENTRO da estação - com o objetivo de evitar caminhar arrastando muitas malas... ok!

Descemos em Osfbanhoff e perguntamos onde era o Ibis próximo da estação... o homem da farmácia falando com o pai - que fala um alemão FLUENTE, pena que só ele sabe o valor do seu alemão! - e indica que logo ao sair da estação veríamos, uma torre verde alta, era do Ibis!

Não vimos!

Caminhamos e perguntamos onde era a rua que tinha num flyer do Ibis com o endereço e um bom senhor nos explicou em Inglês, que deveríamos seguir reto e atravessar o parlamento Alemão e logo depois era a rua!

Sim, ele só esqueceu de avisar que o parlamento alemão era gigante!!!!

Não vou contar os detalhes pois serão extremamente cansativos! Passamos na frente dos principais monumentos de Berlim, inclusive do Brandenburguer Tor, e o pai pedindo informações ao vigia noturno, COM UM CARRINHO DE COMPRAS DE SUPERMERCADO!! e eu e a mãe com as outras 4 malas!

Caminhamos 2 horas em Berlim, das 23:40 às 2 da manhã, quando FINALMENTE, chegamos ao Ibis - a mãe já tava se mijando - e uff! vamos dormir! Mas eu disse que eram 10 Ibis em Berlim e que 7 eram próximos a estações de trem?? Sim.. caminhando 2 horas, estávamos muuuito longe de uma estação de trem! Então a recepcionista informa que a nossa reserva não é naquele Ibis, e que o nosso Ibis ficava a 30km de distancia!

Nem cogitamos ir apé! Aliás, por um momento foi cogitado, afinal o que seriam mais 30 km?! ok ok.. sejamos realistas! Vamos de taxi...

E o taxista foi muito gente boa! E nos levou até o outro lado de Berlim sem nos achacar todo dinheiro de turistas que tínhamos...

Então chegamos ao Ibis Berlim Messe, e tivemos nossa tranquila noite de sono profundo...

Eu disse tivemos???

Não, não! Eles tiveram!!! Pois foi um CAMPEONATO de ronco à distância e eu passei a noite rolando na cama sem conseguir dormir!!!!

Mas pelo menos, estava numa cama quente e confortável, pude descansar...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Olha o velhinho!!

A gente passa por algumas situações que são extremamente engraçadas, tanto no momento em que acontecem, quanto muito tempo depois... Mas corre-se o risco de ninguém, além das pessoas que estavam lá, compreenderem o que realmente aconteceu e, se compreenderem, provavelmente dirão que "foi muito engraçado!!!", dispensando um leve sorriso educado...só para não perder o(a) amigo(a).
E, como não importa se voce é amigo, se vai gostar, se vai rir até chorar, como nós... eu resolvi contar este episódio que aconteceu durante essa viagem com a Juliana e Beto. Mais precisamente, em Praga.
Tudo começou no dia anterior, quando botamos os pés na rodoviária de Praga, vindo de onibus de Berlim. Caos instalado na comunicação (ou melhor, na falta dela), na necessidade de trocar euros por coroas tchecas, e pior de tudo, arrastar malas pelas estações de metro até o hotel ~Luna fortuna~ (nome suspeitissimo!!), que fica na periferia de Praga...
Como era bem previsível, cometemos vários erros e/ou contravenções, sem ao menos sabermos das nossas culpas. Uma delas é levar malas no metro e não pagar as taxas de bagagens! Outra é pegar bilhete de sênior pro Beto, sem ele ser um legítimo sênior de praga!! (mas essas são outras histórias!).
Então, como eu vinha dizendo... depois de conseguirmos nos arrastar e arrastar as malas pra fora da estação Kobylisy, percebemos que o hotel era praticamente na grande Praga ou na Pragarural. A esta altura da viagem, com a vasta experiência de arrastar malas por Berlim (outra boa história!!), nada parecia nos intimidar. Vamos lá!!
Seguindo as orientações oferecidas por um inofensivo mapa da cidade, escrito em tcheco! foi fácil detectar que o hotel encontrava-se fora do mapa, e erramos a rua certa de dobrar a esquerda... Naquele momento escurecia, aliás o dia, quando não amanhecia chovendo, escurecia pelas quatorze horas! Devia ser algo entre quinze e dezesseis - afinal a gente nunca sabia direito se o horário era o mesmo da cidade anterior!!
Na verdade, a rua que a gente devia entrar, não era uma rua... era uma auto-estrada!! Definitivamente, não há como arrastar malas em auto-estradas, então...vamos pegar a seguinte, né?
Foi o nosso outro erro!! O que parecia uma ruela singela, o que parecia, a princípio ser um parque, ou até mesmo uma micro-reserva-florestal, era um lugar muito sinistro... quase indescritível...
Arrastar malas não preocupava mais, neste momento... mas preocupava muito o desenho do contorno de um corpo humano na pequena rua de cimento...
Sabe desenho de gente que foi assassinada?? Claro que nãããoooo disse o Beto.
Poderia ser apenas uma brincadeira de algum pichador bem humorado, mas no decorrer da estadia em Praga, descobrimos que não existem seres bem humorados naquela cidade... então eu tive certeza que estavamos andando num lugar cheio de mistérios e perigos. Início de pânico... pânico total quando surgiu, do nada, um homem primitivo, com um tacape na mão, ameaçando cair a qualquer momento, agarrado... não, não era um tacape, era uma Becherovka!! Que susto!! Pura bobagem disse o Beto.
Mal me recuperava da leve taquicardia e, surgem mais duas pessoas... de novo, do nada. Pareciam saídos das brumas de avalon... Ah Milan Kundera! agora entendi melhor a insustentável leveza do ser... Mais bobagem!! tudo pra tentar perceber a realidade como ela é e não como a imaginação da gente insiste em desenhar na gente, ou melhor, no chão!
Desta nova percepção surge este casal, bem normal até!! sussurramos ~Luna Fortuna~ e eles apontaram pro lado oposto ao que a gente tava indo. É, porque até este ponto já havíamos caminhado uns quarenta minutos.
Aproveitamos a companhia do casal e conseguimos arrastar as malas, em alta velocidade, até um lugar onde era possível enxergar o prédio alto, de um verde intenso, que teria sido um excelente local de retiro espiritual para o ditador Tito.
Esta primeira impressão marcou-nos imperiosa e inconscientemente, pois mesmo sem falarmos sobre o assunto, nos olhávamos e sabíamos que aquele lugar era diferente de tudo que já tinhamos ido.
No dia seguinte, tentamos aproveitar as dua horas de sol, pelo menos para tirarmos fotografias sem flash... e após muito caminhar e muita encrenca com tchecos e tchecas mal amados e mal humorados, resolvemos retornar ao ~Luna Fortuna~ antes que a noite plena caísse novamente sobre nós...
Esforço em vão, já que a noite vem, independente de ser a hora de chegar. São muitas paradas nas estações do metro: Pavlova, Muzeum, Námesti Republiky, Narodní Trida, etc... até Kobilisy novamente...
Foi aí, que até hoje, tanto eu quanto a Juliana, não conseguimos entender o que se passou na cabeça do Beto, pois quando estávamos atravessando a rua, na saída do metro, ele viu um senhor, já com alguma idade... também atravessando a rua, na mesma direção do nosso já famoso hotel... e gritou pra gente ir atrás do velhinho (será para nos proteger? o velhinho, sózinho, conseguiria enfrentar os monstros e assassinos que povoavam nosso imaginário?? seria ele o super - homem?? não sei!!) Então, imaginem a cena: tres pessoas adultas, grandes (eu, Beto e Juliana) completamente encasacadas e encapuzadas, com roupas e gorros, e luvas, e botas... tudo preto!! Tava bem escuro!! apressando o passo pra acompanhar o velhinho, que a determinada altura, já corria, provavelmente muito assustado com a gente... que também apressávamos o passo para acompanhá-lo. Pobre homem - até hoje ele deve estar se perguntando o que fazíamos, correndo atrás dele...
Bem que ele tentou nos despistar, entrando num bequinho, onde permaneceu encolhido por algum tempo, atrás de um automóvel... imaginando assim que conseguiria sobreviver, ileso, a inesperada perseguição do trio de malucos... alucinados na busca de alguma proteção!!
Enquanto ele calculava mentalmente o tempo necessário para os malucos esquecerem dele... ele saiu da toca... e, lá estávamos nós!! rindo muito do absurdo da situação!! mas ele, que nada entendia, entrou em estado de pavor, correndo em direção da porta do ~Luna Fortuna~. Lívido e sem condições de pensar em saída melhor - adentra no saguão, transpassando as portas de vidro e geada... na esperança de se sentir de alguma forma protegido do "ataque" do trio de brasileiros transtornados que o perseguia compulsivamente...
Imaginem a cara dele, quando já se instalando no bar da recepção do hotel e pedindo uma becherovka pra se acalmar... percebe que o trio também adentra bruscamente no hall do mesmo hotel.
Coração na boca... pobre homem, só não morreu, porque não era sua hora... e jamais vai compreender, por mais hipóteses que faça, sobre o que teria motivado aqueles tres malucos a persegui-lo, de forma insana, pela ruas da periferia de Praga.
Não preciso dizer que passamos o resto da noite chorando de rir e tentando saber o que realmente se passou na cabeça do Beto quando nos ordenou seguir o velhinho...
Aliás, cada vez que lembro da cena, rio muito. Essa não dá pra esquecer nunca!!

sábado, 3 de janeiro de 2009

A Viagem - parte 1

A idéia do blog surgiu com nossa primeira viagem a longa distância, em família - ou em parte dela. Com a viagem surgiram grandes e fantásticas histórias que não podem ser simplesmente esquecidas, então o Blog funcionará como um meio de, agora distantes, podermos dividir memórias dessas aventuras!
E tudo começou mais ou menos assim...

os Pais ligam para Juliana, que já vive em Madrid há 4 meses e avisam:
"Vamos chegar as 10:20, ok filha?" e um telefonema no meio da noite anterior a chegada deles para ratificar a chegada e retificar o horário, para uma hora antes, 9:20. Combinado final foi que ligariam ao descerem do avião que daria tempo de chegarem juntos aos portões, mas antes de desligar Juliana pergunta:
"Mãe, é no terminal 1 que vocês chegam??" e a resposta afirmativa vem logo em seguida.
Passado das 10h e ninguém ligou, a menina resolve ir até o aeroporto, afinal ficar em casa acordada e inquieta não valeria de nada.
Logo que chega recebe o esperado telefonema, aproximadamente no primeiro horário acertado, 10:20. E daí até às 13:15 são inúmeros telefonemas para encontrarem-se, afinal os pais haviam chegado no terminal 4, que era do outro lado, e Juliana no terminal 1, então combinam de se enconrtar no terminal 2, na saída. Detalhe, o que os pais chamavam de saída nada era se não uma PLACA indicativa de saída, enquanto a garota seguia esperando na porta.
Depois de encontros e desencontros inicia-se - o que ainda não sabíamos que seria interminável - a saga de arrastar malas em metrôs!
E pega metrô do aeroporto até Colombia, pela linha 8, e troca em Colombia pela linha 9, até Plaza de Castilla e então pegamos o ônibus, 42 até o supermercado ao lado de casa. Tranquilo, apenas 3 malas e 3 pessoas...